{FP} Kerberos.bat

A noite havia sido agitada, não conseguira dormir muito bem. O motivo? Simples, tivera o mesmo pesadíssima que a tempos me atormenta. Passei um tempo olhando a janela. O clima estava bucólico. Recordava-me de minha vida. Nada muito fora dos padrões, fui excluído na escola e nunca tive muita aptidão para com os esportes, e o mesmo era para com minhas notas. Apenas mais um desajustado. Órfão, fui obrigado a morar com minha tia, que por sua vez encontrasse doente e próxima de morrer, nada que médico algum pudesse resolver, sobrevivendo por máquinas, hoje ela passaria por sua última cirurgia, mas acreditando que seu corpo não iria mais aguentar, apenas fizeram que seu coração parasse de bater e a colocaram em by-pass, apenas para que eu me despedisse. Chegando no hospital, apenas dei um beijo sua testa e logo cochichei em seu ouvido: ~Tia, obrigado por tudo… Eu te amo.~
Uma lágrima teimosa descia por meu rosto e logo atingia o de minha tia. Pedi para o médico para que fosse eu a desligar as máquinas. Preferia que se alguém fosse matar aquela mulher, que fosse alguém que a verdadeiramente amasse. *click* *click* *click* *click*… Havia acabado, eu estava mais uma vez sozinho. Havia a tempos prometido a mim mesmo que tentaria ser mais forte e não chorar, mesmo que minha tia morresse, mas não fui capaz. Sentei-me em um banco da sala de espera e logo vi que não eram só algumas lágrimas que desciam de meu rosto, não paravam. Naquele momento senti meu coração pulsar mais rápido que qualquer outra hora, acreditei que fosse pela emoção. Infelizmente não.
Passaram se horas, já estava preste a escurecer, crepúsculo. Sim estava sozinho, porém desta vez eu já poderia cuidar de mim. No caminho para casa, fui abordado por um homem loiro. Ainda estava com os olhos e nariz vermelhos pelo choro. *Posso trazê-la de volta. Tudo o que tem de fazer é me seguir.* Sensível pela perda, aquelas palavras foram de alegrar o coração, no entanto, eu sabia que ela estava morta, e eu teria de arcar com aquela realidade. Porém mal algum faria seguir um cara que prometia trazê-la de volta. Um pouco estúpido de minha parte, mas acredito que caso ocorresse com qualquer outro a resposta seria a mesma. *Rápido, antes que escureça.* não entendi muito o motivo, mas o segui. Paramos em um tipo de clareira no meio da floresta. Ele se mutilou e colocou seu sangue em jarro, e logo após isso ele retirou uma pequena bolsa de sangue de seu sobretudo. *Beba* Disse com um sorriso malicioso. Receoso, bebi, sem importar-me com as consequências. Fiquei ofegante, minha respiração havia acelerado de tal forma, que meus pulmões pareciam estourar e estar prestes a pular para fora do meu corpo. Assim como meus pulmões, meu coração também estava acelerado, mais do que antes.
Um breu. Tudo o que me lembro após isso é de sentir uma enorme dor em meu pescoço. Acordei novamente na clareira, e o dia já havia se posto, meu corpo estava sujo com algumas folhas e galhos que haviam se prendido em minhas roupas. Ele ainda estava ali. Observou-me por alguns instantes e então fez um pequeno furo na bolsa com suas unhas. Ele correu até a mim e espremeu minhas bochechas contra meus dentes, forçando-me a abrir minha boca. Uma única gota desceu aos meus lábios.